Ao fazer o balanço do 2º Congresso Ordinário da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), a direcção da comissão organizadora do Conclave mostrou admiração, congratulando-se com o trabalho empreendido pelo militante William Afonso Tonet em prol da criação de condições para a realização do congresso, que teve lugar entre os dias 6 e 8 de Setembro do corrente ano, na Tenda do Hotel de Convenções de Talatona (HCTA), em Luanda.
Segundo Félix Miranda, director de comunicação e imagem da Presidência, apesar da CASA-CE não possuir muitos meios ou ostentar instituições bancárias, como as outras forças políticas nacionais, a William Tonet coube a difícil tarefa de, modestamente, e valendo-se das “engenhocas” que lhe são peculiares, ornamentar condignamente a tenda gigante do HCTA.
“Numa simbiose entre um estilo gótico e moderno, Tonet embelezou o cenário alegoricamente moderno, ombreando com aquilo que temos visto nos eventos de outras organizações políticas, nacional ou internacionalmente”, escreveu Félix Miranda, no Facebook.
Para ele, embora sem pretender fazer uma avaliação mais profunda, pois jamais se tratou de um concurso de arquitectura de interior, pode-se afirmar com rigor que William Afonso Tonet, na pele de arquitecto decorativo da sala onde decorreu o 2º Congresso Ordinário da CASA-CE, não comprometeu em nada, esteve à altura da encomenda, até mais do que devia estar. Perante o qual, e diante das imagens, resta apenas agradecer-lhe, em nome de todos os congressistas.
Recorde-se que William Afonso Tonet que, além de ser militante da CASA-CE, é jurista e também jornalista-director do Folha 8, foi uma das novidades do referido conclave, devido à sua ascensão a vice-presidente para os assuntos jurídico-constitucionais da Coligação, apesar de já ter sido conselheiro do presidente Abel Epalanga Chivukukuvuku, desde a criação da aludida força política.
A Tonet, durante o encerramento do Congresso, coube ainda a missão de ler para os delegados e convidados as resoluções finais do conclave, assim como a mensagem doutrinal-cívico-cristã do emissário do Vaticano, padre Bongo.
Filho do conhecido deputado do MPLA Guilherme Tonet, William nasceu no seio do MPLA, partido que, frequentemente, o maltrata, por discordar do regime que se instalou no País. Por estar ligado à “facção” próxima de Nito Alves, é preso na década de 70, por dois anos. Foi quadro da Televisão Pública de Angola, cobrindo, através desta, muitas fases do conflito político-militar que ocorreu em Angola, o que lhe permitiu, com os generais Higino Carneiro e Ben Ben, estar na origem dos Acordos do Alto Kauango, percussor de Bicesse.
Jornalista de gema, trabalhou para a Voz da América (VOA), SIC e RTP, em Portugal, onde também viveu algum tempo. Já em Angola, na esteira da criação do Folha 8, William Tonet foi, diversas vezes, preso, e solto após intervenção da Amnistia Internacional. É o profissional da comunicação social com mais processos-crime no País. Integrou a Associação Mãos Livres, como estagiário, com o advogado David Mendes. Liderou o Amplo Movimento de Cidadãos (AMC) e mediou os conflitos internos da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).
Ainda sobre a família de William Tonet, Guilherme Tonet (o pai), fundou, em 1960, a FPLA (Frente Popular de Libertação de Angola), partido responsável pela manutenção dos núcleos de guerrilha em Luanda depois da sublevação do 4 de Fevereiro de 1961 e ainda foi o criador de uma região militar, na zona dos Dembos e Piri, que viria posteriormente a converter-se na 1.ª Região Político Militar do MPLA. Guilherme Tonet partiu para os húmus libertários, com seu filho primogénito (William Tonet), então com três anos de idade.
O cartão de pioneiro n.º 485, atesta William Tonet como natural da 1.ª região político-militar do MPLA. Nas matas, as crianças não andavam a brincar à cabra seca, eram “guerrilheiros-mirins”, servindo de antenas e carregadores dos guerrilheiros. Desde os sete anos de idade que acompanhava o comunicador, vulgo radista, especialidade em que se viria a notabilizar. Foi criança soldado, admite o próprio.
Na tentativa de abertura de mais uma frente, no Planalto Central, em 1968, o grupo de guerrilheiros foi preso, dentre eles o pai, que viria a ser desterrado para a cadeia de São Nicolau. Lá encontrou, estudou e conviveu, com um dos actuais membros do MPLA, Bornito de Sousa.
Face à sua participação na luta nacional, William Tonet está registado com o n.º 5369/86, como Antigo Combatente, emitido no período de partido único. O processo foi constituído e repousa nos arquivos da então Secretaria de Estado dos Antigos Combatentes, tendo sido emitido aos 28 de Agosto de 1986, Ano da Defesa da Revolução Popular.